sexta-feira, 4 de março de 2022

Semente, raiz e folha

Nasci semente dentro de terra, repleta de organismos vivos
Me alimento de muit@s, 
Preciso da luz, da água, da sombra, de seres diversos 

 Sofri com as tempestades e secas 
Murchei e flori em muitos invernos e primaveras.

 Estou aprendendo a manter os galhos verdes por dentro,
 mesmo nos dias mais quentes 
Preservando assim, essa seiva interior que me mantem viva

 É que como uma tartaruga, 
tive que aprender a construir minha morada de proteção.

 As minhas folhas insistem em nascer, 
sempre alimentadas de sonhos, brilhos e a luzes de tantos seres, 
que fazem ascender em mim uma nova esperança. 

 Metade de mim é folha: verde, iluminada, sonhadora
 A outra metade é raiz: a procurar, procurar ... 

 Raízes ancestrais, que conhecem realidades e descem 
as terras mais profundas do meu ser 

 Essa dor, cravada na minha história, me força a continuar...

Sem nome

As nossas veias estão abertas
 E dessa vez não tem como estancar o sangue que escorre. 

 Essa ferida é antiga, estava com uma fina capa cicatrizante
 Mas agora abutres insistem em diariamente perfurar nossa alma 

 Olho em volta e o que vejo...
 meu deus, meu deus... 

Pobre cristo, sendo usado pela boca de porcos gananciosos que negam o amor. 

 E se deus é amor, 
 como aquele que não ama pode conhecer a deus?

Batalha perdida

Nessa luta pela vida, já nasci perdendo
 Sou mulher, preta e de alma livre 
Como poderia ganhar? 

 Não luto por mim, luto por todas, 
por outros tantos que se quer nasceram
 
Essa dor não nasceu comigo, 
vem de cicatrizes antigas 
Minha avó, minha bisa e tantas outras Marias, Dandaras, Déboras e Mahins. 

 Quero ser inteira e não pela metade,
 Não é que eu não me importe
 O meu desejo mais íntimo é de ver florescer um novo amanhã 
Mas diante da sua impossibilidade Eu suporto a dor da derrota 

Coloco-me ao lado daqueles que perdem a batalha e ganham a vida 
É que mesmo sabendo que essa batalha já nasce perdida
 Detestaria estar do outro lado.